sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Pai Natal

Estas não são
infelizmente
as melhores festas de sempre...

Mas serão
certamente
as primeiras de muitas que virão
e que nos trarão sorrisos mais abertos
e a dádiva suprema
de mais anos de amizade.

Este ano só pedi uma coisa ao Pai Natal:
uma coisa para o teu sapatinho.
E tu sabes bem o que é...

Dina Cruz

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Curta Distância

Deslizam no céu
Nuvens brancas de plumas
que viajam sem destino

No relógio,
os ponteiros avançam desenfreados
corroendo o tempo

Na minha mente,
memórias,
pensamentos,
angústias,
desejos,
medos,
sonhos,
esperanças...

Na face, mais uma marca
dos anos que não deixam de passar

Na alma,
apesar da distância que nos separa agora,
o mesmo sentimento,
a mesma irmandade.

Estou sempre aqui.

Mas tu sabes
sem que eu to diga...

Dina Cruz

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Permanências

Mais um dia em que acordei a pensar em ti...

É estranho que a tua imagem,
a imagem que me ocorre quando te penso,
e é amiúde,
nunca é a de hoje,
a de agora,
a destes momentos negros...

A imagem que tenho de ti
é a que te sei desde sempre!

Não te vejo o sorriso oco,
não te vejo os olhos baços,
não te vejo os braços caídos,
não te vejo a alma seca,
não te vejo as lágrimas amargas,
não te vejo a sombra que te escurece os dias e as noites...

Vejo-te a ti
De cara em luz
e alma em fogo
De coração aberto
e sorriso escancarado
De mãos em punho em luta permanente
por momentos de alegria e de paz.

Vejo-te a ti.
Não como te vejo
mas como te sei.

Dina Cruz

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Chove

Chove.

Lá fora.
Dentro de nós.

Mas a chuva não cabe
no abraço que te ofereço.

Nesse...
Só o Sol.
Só o azul.

Dina Cruz

Pudéssemos nós...

Traz-me ocupada constantemente esta angústia de nada poder.
E de sermos tão pouco
E de estarmos sempre tão longe de sítio nenhum
E de a cada segundo pensar que posso não ter nada
e ainda assim perder tanto...
É tão doloroso para a alma
que chega a doer no corpo!

Há situações em que somos tão pouco.

Podemos nada!

Pudéssemos nós...

Dina Cruz

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Hoje foi a minha vez...
A minha vez de precisar que soubesses,
como sempre soubeste,
que o meu ombro é teu...
Que as tuas lágrimas
são também as minhas lágrimas...
Que tenho pena de que o teu sorriso de hoje
não seja o sorriso que te sei...

Não estás só nesse imenso deserto
em que se converteram os teus dias!
Não estás só!
Nunca estarás só!

Só estarás só,
se, expressamente, implorares:
DEIXEM-ME SÓ!

Dina Cruz

domingo, 7 de novembro de 2010

Só,
num quarto gelado e branco,
ofereceram-te, sem enlevo,
uma palavra amarga
corrosiva
que te doeu na pele
que te esfacelou a alma.

Não te deram um abraço.
Não te deram um sorriso.
Não te deram uma lágrima
que justificasse as tuas.

Apenas uma palavra
um vocábulo seco e acre
pedra-gume-lume-bala...

E abandonaram-te no branco gelado do quarto.
Só.

E um sabor amargo na boca
nas mãos,
na alma...

Arrancarão de ti
um pedaço de ti.
Mas arrancarão mais...
Arrancar-te-ão o sorriso pleno
dos dias azuis.

Aguardamos
com esperança e pressa
a Primavera
e o azul dos céus e dos dias...

Dina Cruz
Invade-nos o frio.
Cresce um Outono dentro de nós...

Partem aves saudosas
Tombam das árvores
pedaços rubros e dourados,
perdidos,
em voos fulminantes e dispersos...
Nuvens cinzentas encobrem o sol
e o azul dos céus...

Dentro de nós,
que sempre estamos contigo,
há também algo que parte:
mais um pedaço de alma...

E em ti,
apesar dos sorrisos e das graças,
há uma dor que escondes
apenas de quem não te sabe como eu.

Este Outono
é cinzento
é baço
é de partidas e de perdas...

Além do sol
Sabemos que algo mais se perderá
Como o rubro e o dourado das folhas
da grande árvore das nossa vidas...
Da tua vida!

Mas no fim do Inverno,
a Primavera voltará!
E trará de volta
as folhas
as aves
as flores
o sol
os frutos
os sorrisos abertos e doces de uma vida
que floresce e renasce
do frio cinzento dos próximos tempos...

Faremos uma festa
de abraços e de beijos
de canções e de sorrisos abertos
Seremos,
de novo,
felizes a valer.

Quando a Primavera chegar.
E ela sempre chega!

Dina Cruz

domingo, 17 de outubro de 2010

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

Fernando Pessoa

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Névoa

Os dias estão cinzentos.
Nós também...

É como se as nuvens
tapassem o sol e os sorrisos.

Mas para lá das nuvens opacas
O infinito azul...

Dina Cruz

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Dói...

Dói.
Não no corpo, apenas.
Dói na alma.
Uma dor fininha
sacana
que nos apaga o sorriso.

Dói olhar-te:
os ossos desfeitos
a pele em fogo
os lábios secos
o olhar cansado
As mão poisadas em desalento mudo
os pés que se arrastam
no denso deserto...

Pudéssemos!
Tivéssemos nós esse poder!!!
Toda a dor se transformaria em pó.
Um pó dourado
como o que te cobre a pele
renascendo em vida!

Azul?
Azul, sim!
Azul é ter a certeza de que
a dor aguda que te corrói
se afunda no sorriso que sempre hasteias
mesmo quando dói sorrir.
E esse teu sorriso eterno
é a bandeira ao vento desfraldada
das vitórias que gritas ao destino!

E nós contigo!

Até ao final desta maldita caminhada!
Até ao final desta negra e dura luta!

Dina Cruz

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Crepúsculo azul

Hoje o dia nasceu escuro.
Cinzento.
Da cor das nossas almas receosas.

Foi mais um dia.
Um dia mais de angústias e esperas.

Um dia simples,
Um pequeno passo para o Mundo...

Para nós,
Um passo imenso!
Um passo do tamanho do Mundo!
Do nosso Mundo...

E o fim da tarde é já azul...

Dina Cruz

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Fracções

O tempo vai passando lento e manso.
Há momentos azuis...

E outros...
Amargos de boca
Salgados de lágrimas
Secos de sorrisos.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Certeza

Tenho na alma uma certeza.
Tenho na alma o desejo imenso dessa certeza.
Tudo acabará bem.
.
Tudo florirá como campo aberto ao vento
coberto de papoilas
iluminado de pirilampos e de estrelas
banhado de luares azuis de mar.

Agora,
Dorme com os anjos.

Estarei a guardar os teus sonhos
para que sejam os mais claros
os mais doces...

E quando chegares,
mais uma vez
como sempre e para sempre
estarei aqui.

Dina Cruz

Entretanto

Os dias têm passado devagar,
Quase azuis...

De vez em quando...
Um gesto
Um olhar
Uma palavra
Destapa a realidade...
Mas têm passado mais ou menos mansos.

Agora,
de novo,
a angústia
a incerteza
do receio
do amanhã...

Dina Cruz

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Grito

Grito incessantemente ao céu
Lamúrias e lamentos
De revolta escura.

Porquê?

Nem eco…

Dina Cruz

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Há dias...

Há dias e dias.

Há dias em que a sombra nos arrefece a alma
E nos prende à terra seca.
Seca-se o sangue nas veias
E desfaz-se o sorriso nos olhos
Cansados de escorrer.
Outros há
em que,
como crianças,
nos deixamos levar pela loucura
de esquecer…

Nesses dias,
Voam entre nós
Pequenas borboletas azuis
Que se confundem com o céu.

Dina Cruz

terça-feira, 13 de julho de 2010

Passado o Amanhã

O amanhã passou lento,
Mas mais calmo e sereno
Do que se temia.

Mais um dia…
Mais um dia…

E acendeu-se um sorriso
Menos seco nos teus lábios

Foi como se,
Apesar da escuridão,
Um raio de luar
Nos enchesse a alma
De um novo alento
doce e manso

Uma lufada de ar
Um pouco mais claro
Trouxe alguma frescura
À alma
Ao sorriso.

A sombra continua, teimosa,
a escurecer-nos os dias e o olhar,
mas há já
mais azul
em cada gesto…

Dina Cruz

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Amanhã

Amanhã,
O dia acordará baço
Cinzento
Abafado de um calor mole e viscoso
Que me abrasará os sentidos…

Amanhã
Não abrirei a janela.
Sentar-me-ei inerte na escuridão da sala.
À espera.
Uma espera lenta e sufocante.

Amanhã será o primeiro dia…
Amanhã entrar-te-á no corpo
Um exército de armas invisíveis
Que hasteará bandeiras brancas de alento
Que hasteará bandeiras negras de sofrimento

Como em todas as batalhas,
haverá vencedores,
haverá perdedores.
E haverá a tua vitória plena
sobre a violência da batalha.
Porque tens na alma
a mais poderosa arma do universo:
uma força infinita de viver!

Quando chegares,
Estarei aqui,
Onde sempre estive
Onde sempre estarei
De coração aberto e alma nua
Num abraço de amor fraterno e incondicional.

Dina Cruz

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Toque

Toma a minha mão
Sente nela a alma
Sente nela a esperança
Sente nela a luz
Que te ofereço a cada instante

Toma meu abraço
Sente nele o calor
Sente nele o carinho
Sente nele o alento
Que te ofereço em cada riso
Mesmo bafejado de lágrimas.

Dina Cruz

Estrela Polar

Há na escuridão desta noite negra e funda
Uma estrela polar
Que nos brilha na alma

É por ela que oriento meus dias
Minha esperança
Minha força
Meu alento

É nessa que vives
É essa que te ilumina
É essa que te resgatará
Da escuridão da noite
Da profundeza das horas paradas

Dina Cruz

Contigo

Hoje estive contigo,
Ainda que sem estar ao pé de ti.

Estive contigo na dor
Estive contigo na aflição
Estive contigo no desespero
Estive contigo nas lágrimas
Estive contigo nos sorrisos amargos
Estive contigo no abraço apertado
Estive contigo na esperança louca
Estive contigo na oração que rezei por ti

Estarei sempre contigo
Mesmo sem estar ao pé de ti

Dina Cruz

Precipício

No meio da noite
Sob as estrelas
Descobri nos teus lábios
Um sorriso breve

Mas nos teus olhos
Ainda mora o medo
Ainda dorme a incerteza
Ainda se esconde a dor

Espelhada no brilho baço dos teus olhos
Ainda o desespero
Ainda a falta de chão
Ainda a viagem vertiginosa da incerteza no amanhã

Dina Cruz

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sombra e Luz

Entraste sem querer na gruta escura e negra
E esvaíram-se as forças que alentavam os teus dias

Nessa gruta
Ao fundo
À tua chegada
Uma sombra negra agigantou-se na penumbra
E alcançou teu peito branco

Perdeste o chão
Perdeste a vista
Perdeste a força

Esvaziou-se o corpo
E cresceu-te na garganta
Um nó cego e seco
Que te embargou as palavras
E os sorrisos

A escuridão invadiu o espaço
E o silêncio foi aterrador.

De mãos vazias
E olhar baço,
Gritaste à noite:
Que faço aqui?
Que destino é este?
Que palavras amargas ofereci?
Que abraço não dei?
Que flor colhi antes da hora?
Que sol escondi na negra noite?
Que mal semeei no verde prado?
Que ventos acordei do calmo sono?

E a sombra negra
Qual gigante Adamastor
Deixou uma lágrima fugir
Abriu as mãos disformes e viscosas
E deixou-te partir.

Dina Cruz

Ombro

Aos meus olhos gastos de sal
Oferece-se um deserto
Silencioso e quente
De areias movediças

Nossos pés enterram-se
Impotentes
No calor dos astros
E arrastam-se indolentes
Pelo penoso caminho

Será longa a caminhada.
Longa e dura.
Mas nunca solitária

Ao teu lado estarão
Todas as estrelas do Universo
Toda a luz dos anjos
O amor de todas as almas.

Dina Cruz

Desalento

Não tenho mais lágrimas.
Gastei-as a chorar o desespero
De nada poder.

Não tenho mais sorrisos.
Gastei-os contigo
Quando os dias ainda eram azuis.

Não tenho mais forças.
Gastei-as nos caminhos
Que percorri na dor.

Não tenho mais alma.
Sumiu-se na noite
Que se te ofereceu na manhã clara.

Dina Cruz

Sal

Tenho a alma seca e gretada de desalento.
Nos lábios sucumbiram os sorrisos
Na garganta o canto e os vocábulos.

Já não brotam lágrimas dos meus olhos
Só este sal que me corrói as faces
Que me salga a vida

Arde-me o corpo
Que se arrasta em desalinho
Ardem-me as mãos
Caídas sobre o colo
Ardem-me os pés
De se arrastarem sem destino

Arde-me a alma oca e baça
Sem o eco da tua alma clara

Dina Cruz

Única

Mais searas houvesse no mundo e mais brilharia o ouro nos teus cabelos
Mais papoilas houvesse no prado e maior seria o rubor dos teus lábios
Mais estrelas houvesse no firmamento e maior seria o brilho do teu olhar
Mais espuma houvesse nas praias e mais frescura haveria em teu sorriso
Mais calor tivesse o sol e maior seria a luz da tua alma

És calor
És força
És alegria
És alento
És mãe
És mulher
És irmã
És companheira
És luz
E não há escuridão no mundo que ensombre o teu sorriso.

Dina Cruz

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Vazio


Dantes tudo era azul…

De um azul claro e luminoso que nos enchia a alma e nos abria o sorriso a cada gesto
Eram tempos de cores quentes e aromas frutados
De sóis amarelos e luas cheias de estrelas
Eram tempos de marés-cheias e de frescas maresias vestidas de verde e espuma
Eram campos e campos de papoilas onde dormiam, serenos, os pirilampos
Eram chuvas mornas e límpidas que roubavam aos montes o cheiro da terra
Eram searas de ouro e de pão maduro prenhes de vida
Eram gargalhadas atiradas ao vento como sementes
Eram vocábulos cintilantes da cor das alvoradas
Eram hinos celestiais
a cada abraço,
a cada beijo,
a cada lágrima, até
a cada riso…

Agora
O silêncio
A dor
A amargura
O peso infindo nas almas sem cor

Um anjo negro ensombrou-nos os dias.
Um anjo negro eterniza-nos as noites.
Um anjo negro encerrou-nos a alma
E as palavras
E os sorrisos
E os beijos

O anjo negro levou-nos o sol.
O anjo negro levou-nos a alma
E a maresia
E as searas
E as praias
E os ventos
E os campos
E as flores
E a chuva
E as borboletas
E as papoilas
E os pirilampos
E as vontades
E os desejos
E a esperança

O anjo negro desfez-nos nos olhos amarguras
O anjo negro desfez-nos nas almas esperanças
O anjo negro cobriu-nos a face de sombra e alma de desalento

Reina, agora, a escuridão.
Fora e dentro de nós…

Dina Cruz