quarta-feira, 28 de julho de 2010

Certeza

Tenho na alma uma certeza.
Tenho na alma o desejo imenso dessa certeza.
Tudo acabará bem.
.
Tudo florirá como campo aberto ao vento
coberto de papoilas
iluminado de pirilampos e de estrelas
banhado de luares azuis de mar.

Agora,
Dorme com os anjos.

Estarei a guardar os teus sonhos
para que sejam os mais claros
os mais doces...

E quando chegares,
mais uma vez
como sempre e para sempre
estarei aqui.

Dina Cruz

Entretanto

Os dias têm passado devagar,
Quase azuis...

De vez em quando...
Um gesto
Um olhar
Uma palavra
Destapa a realidade...
Mas têm passado mais ou menos mansos.

Agora,
de novo,
a angústia
a incerteza
do receio
do amanhã...

Dina Cruz

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Grito

Grito incessantemente ao céu
Lamúrias e lamentos
De revolta escura.

Porquê?

Nem eco…

Dina Cruz

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Há dias...

Há dias e dias.

Há dias em que a sombra nos arrefece a alma
E nos prende à terra seca.
Seca-se o sangue nas veias
E desfaz-se o sorriso nos olhos
Cansados de escorrer.
Outros há
em que,
como crianças,
nos deixamos levar pela loucura
de esquecer…

Nesses dias,
Voam entre nós
Pequenas borboletas azuis
Que se confundem com o céu.

Dina Cruz

terça-feira, 13 de julho de 2010

Passado o Amanhã

O amanhã passou lento,
Mas mais calmo e sereno
Do que se temia.

Mais um dia…
Mais um dia…

E acendeu-se um sorriso
Menos seco nos teus lábios

Foi como se,
Apesar da escuridão,
Um raio de luar
Nos enchesse a alma
De um novo alento
doce e manso

Uma lufada de ar
Um pouco mais claro
Trouxe alguma frescura
À alma
Ao sorriso.

A sombra continua, teimosa,
a escurecer-nos os dias e o olhar,
mas há já
mais azul
em cada gesto…

Dina Cruz

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Amanhã

Amanhã,
O dia acordará baço
Cinzento
Abafado de um calor mole e viscoso
Que me abrasará os sentidos…

Amanhã
Não abrirei a janela.
Sentar-me-ei inerte na escuridão da sala.
À espera.
Uma espera lenta e sufocante.

Amanhã será o primeiro dia…
Amanhã entrar-te-á no corpo
Um exército de armas invisíveis
Que hasteará bandeiras brancas de alento
Que hasteará bandeiras negras de sofrimento

Como em todas as batalhas,
haverá vencedores,
haverá perdedores.
E haverá a tua vitória plena
sobre a violência da batalha.
Porque tens na alma
a mais poderosa arma do universo:
uma força infinita de viver!

Quando chegares,
Estarei aqui,
Onde sempre estive
Onde sempre estarei
De coração aberto e alma nua
Num abraço de amor fraterno e incondicional.

Dina Cruz

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Toque

Toma a minha mão
Sente nela a alma
Sente nela a esperança
Sente nela a luz
Que te ofereço a cada instante

Toma meu abraço
Sente nele o calor
Sente nele o carinho
Sente nele o alento
Que te ofereço em cada riso
Mesmo bafejado de lágrimas.

Dina Cruz

Estrela Polar

Há na escuridão desta noite negra e funda
Uma estrela polar
Que nos brilha na alma

É por ela que oriento meus dias
Minha esperança
Minha força
Meu alento

É nessa que vives
É essa que te ilumina
É essa que te resgatará
Da escuridão da noite
Da profundeza das horas paradas

Dina Cruz

Contigo

Hoje estive contigo,
Ainda que sem estar ao pé de ti.

Estive contigo na dor
Estive contigo na aflição
Estive contigo no desespero
Estive contigo nas lágrimas
Estive contigo nos sorrisos amargos
Estive contigo no abraço apertado
Estive contigo na esperança louca
Estive contigo na oração que rezei por ti

Estarei sempre contigo
Mesmo sem estar ao pé de ti

Dina Cruz

Precipício

No meio da noite
Sob as estrelas
Descobri nos teus lábios
Um sorriso breve

Mas nos teus olhos
Ainda mora o medo
Ainda dorme a incerteza
Ainda se esconde a dor

Espelhada no brilho baço dos teus olhos
Ainda o desespero
Ainda a falta de chão
Ainda a viagem vertiginosa da incerteza no amanhã

Dina Cruz