Entraste sem querer na gruta escura e negra
E esvaíram-se as forças que alentavam os teus dias
Nessa gruta
Ao fundo
À tua chegada
Uma sombra negra agigantou-se na penumbra
E alcançou teu peito branco
Perdeste o chão
Perdeste a vista
Perdeste a força
Esvaziou-se o corpo
E cresceu-te na garganta
Um nó cego e seco
Que te embargou as palavras
E os sorrisos
A escuridão invadiu o espaço
E o silêncio foi aterrador.
De mãos vazias
E olhar baço,
Gritaste à noite:
Que faço aqui?
Que destino é este?
Que palavras amargas ofereci?
Que abraço não dei?
Que flor colhi antes da hora?
Que sol escondi na negra noite?
Que mal semeei no verde prado?
Que ventos acordei do calmo sono?
E a sombra negra
Qual gigante Adamastor
Deixou uma lágrima fugir
Abriu as mãos disformes e viscosas
E deixou-te partir.
Dina Cruz
Há momentos na vida em que descobrimos que damos demasiada importância aos grãos de pó... Nesses momentos, encontramos, na alma, um lugar muito grande, onde guardamos só mesmo os que mais amamos...
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Ombro
Aos meus olhos gastos de sal
Oferece-se um deserto
Silencioso e quente
De areias movediças
Nossos pés enterram-se
Impotentes
No calor dos astros
E arrastam-se indolentes
Pelo penoso caminho
Será longa a caminhada.
Longa e dura.
Mas nunca solitária
Ao teu lado estarão
Todas as estrelas do Universo
Toda a luz dos anjos
O amor de todas as almas.
Dina Cruz
Oferece-se um deserto
Silencioso e quente
De areias movediças
Nossos pés enterram-se
Impotentes
No calor dos astros
E arrastam-se indolentes
Pelo penoso caminho
Será longa a caminhada.
Longa e dura.
Mas nunca solitária
Ao teu lado estarão
Todas as estrelas do Universo
Toda a luz dos anjos
O amor de todas as almas.
Dina Cruz
Desalento
Não tenho mais lágrimas.
Gastei-as a chorar o desespero
De nada poder.
Não tenho mais sorrisos.
Gastei-os contigo
Quando os dias ainda eram azuis.
Não tenho mais forças.
Gastei-as nos caminhos
Que percorri na dor.
Não tenho mais alma.
Sumiu-se na noite
Que se te ofereceu na manhã clara.
Dina Cruz
Gastei-as a chorar o desespero
De nada poder.
Não tenho mais sorrisos.
Gastei-os contigo
Quando os dias ainda eram azuis.
Não tenho mais forças.
Gastei-as nos caminhos
Que percorri na dor.
Não tenho mais alma.
Sumiu-se na noite
Que se te ofereceu na manhã clara.
Dina Cruz
Sal
Tenho a alma seca e gretada de desalento.
Nos lábios sucumbiram os sorrisos
Na garganta o canto e os vocábulos.
Já não brotam lágrimas dos meus olhos
Só este sal que me corrói as faces
Que me salga a vida
Arde-me o corpo
Que se arrasta em desalinho
Ardem-me as mãos
Caídas sobre o colo
Ardem-me os pés
De se arrastarem sem destino
Arde-me a alma oca e baça
Sem o eco da tua alma clara
Dina Cruz
Nos lábios sucumbiram os sorrisos
Na garganta o canto e os vocábulos.
Já não brotam lágrimas dos meus olhos
Só este sal que me corrói as faces
Que me salga a vida
Arde-me o corpo
Que se arrasta em desalinho
Ardem-me as mãos
Caídas sobre o colo
Ardem-me os pés
De se arrastarem sem destino
Arde-me a alma oca e baça
Sem o eco da tua alma clara
Dina Cruz
Única
Mais searas houvesse no mundo e mais brilharia o ouro nos teus cabelos
Mais papoilas houvesse no prado e maior seria o rubor dos teus lábios
Mais estrelas houvesse no firmamento e maior seria o brilho do teu olhar
Mais espuma houvesse nas praias e mais frescura haveria em teu sorriso
Mais calor tivesse o sol e maior seria a luz da tua alma
És calor
És força
És alegria
És alento
És mãe
És mulher
És irmã
És companheira
És luz
E não há escuridão no mundo que ensombre o teu sorriso.
Dina Cruz
Mais papoilas houvesse no prado e maior seria o rubor dos teus lábios
Mais estrelas houvesse no firmamento e maior seria o brilho do teu olhar
Mais espuma houvesse nas praias e mais frescura haveria em teu sorriso
Mais calor tivesse o sol e maior seria a luz da tua alma
És calor
És força
És alegria
És alento
És mãe
És mulher
És irmã
És companheira
És luz
E não há escuridão no mundo que ensombre o teu sorriso.
Dina Cruz
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Vazio
Dantes tudo era azul…
De um azul claro e luminoso que nos enchia a alma e nos abria o sorriso a cada gesto
Eram tempos de cores quentes e aromas frutados
De sóis amarelos e luas cheias de estrelas
Eram tempos de marés-cheias e de frescas maresias vestidas de verde e espuma
Eram campos e campos de papoilas onde dormiam, serenos, os pirilampos
Eram chuvas mornas e límpidas que roubavam aos montes o cheiro da terra
Eram searas de ouro e de pão maduro prenhes de vida
Eram gargalhadas atiradas ao vento como sementes
Eram vocábulos cintilantes da cor das alvoradas
Eram hinos celestiais
a cada abraço,
a cada beijo,
a cada lágrima, até
a cada riso…
Agora
O silêncio
A dor
A amargura
O peso infindo nas almas sem cor
Um anjo negro ensombrou-nos os dias.
Um anjo negro eterniza-nos as noites.
Um anjo negro encerrou-nos a alma
E as palavras
E os sorrisos
E os beijos
O anjo negro levou-nos o sol.
O anjo negro levou-nos a alma
E a maresia
E as searas
E as praias
E os ventos
E os campos
E as flores
E a chuva
E as borboletas
E as papoilas
E os pirilampos
E as vontades
E os desejos
E a esperança
O anjo negro desfez-nos nos olhos amarguras
O anjo negro desfez-nos nas almas esperanças
O anjo negro cobriu-nos a face de sombra e alma de desalento
Reina, agora, a escuridão.
Fora e dentro de nós…
Dina Cruz
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