domingo, 7 de novembro de 2010

Só,
num quarto gelado e branco,
ofereceram-te, sem enlevo,
uma palavra amarga
corrosiva
que te doeu na pele
que te esfacelou a alma.

Não te deram um abraço.
Não te deram um sorriso.
Não te deram uma lágrima
que justificasse as tuas.

Apenas uma palavra
um vocábulo seco e acre
pedra-gume-lume-bala...

E abandonaram-te no branco gelado do quarto.
Só.

E um sabor amargo na boca
nas mãos,
na alma...

Arrancarão de ti
um pedaço de ti.
Mas arrancarão mais...
Arrancar-te-ão o sorriso pleno
dos dias azuis.

Aguardamos
com esperança e pressa
a Primavera
e o azul dos céus e dos dias...

Dina Cruz

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