31 de Dezembro
O dia acordou pardo.
Na névoa anteviam-se trovoadas negras.
O fim do ciclo ansiava-se
sofregamente
barbaramente
desesperadamente!
Nas toalhas brancas
iluminavam-se as velas
e apagavam-se os sorrisos...
Em cada face
Em cada olhar
Em cada riso até,
o desejo louco
do fim desta batalha.
E um medo...
Um medo avassalador.
Um medo devorador.
Um medo comum que nos unia
na mesma mesa
na mesma casa
na mesma força
de querer avançar.
Mas o tempo que não se condói
nem dos medos
nem das vontades
avançou.
E foi no momento
em que o mundo todo festejou
que sobre nós se abateu
o silêncio interior da revolta e da esperança.
Novo ano. Nova vida. VIDA!!!
2 de Janeiro
Um nó cego na garganta
e a alma inteira convertida em amargura...
Um fugaz adeus sem despedida.
Um abraço
(o mais apertado que tinha)
na tua alma.
Inteira, a noite
oferece-me a vigília
horas a fio.
E um frio terrível
invade-me o coração parado à espera da manhã.
3 de Janeiro
Na rua chove.
Uma chuva fininha como orvalho.
Na minha alma a trovoada
avassaladora
atroadora
emudece o resto do mundo.
Caminho absorta, fechada, fria.
Um frio que vem de dentro.
Um frio da alma...
A ânsia de te ver.
A ânsia de estar contigo.
A ânsia de ti.
E um medo imenso...
Subo ao sétimo andar
com o coração na mão.
Atravesso o corredor
em corrida temerosa.
Procuro o 25
entre tantos outros números
entre tantos outros quartos
entre tantas outras vidas...
Encontro-te.
Liberta dos braços de Morfeu.
Encontro-te.
E encontro-me no teu sorriso.
E na tua face encontro tudo o que eu queria
A mesma irmã de sempre
O mesmo porto seguro
TU.
Obrigada por estares aqui.
Obrigada por seres quem és e como és.
Dina Cruz.
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